Escolha
Apesar do medo
escolho a ousadia.
Ao conforto das algemas, prefiro
a dura liberdade.
Vôo com meu par de asas tortas,
sem o tédio da comprovação.
Opto pela loucura, com um grão
de realidade:
meu ímpeto explode o ponto,
arqueia a linha, traça contornos
para os romper.
Desculpem, mas devo dizer:
eu
quero o delírio.
Lya Luft
in Pra não dizer adeus
Pintura: Charles Courtney Curran (EUA, 1861-1942)
Galeria: Charles Courtney Curran (pintor americano, 1861-1942)
CHARLES COURTNEY CURRAN (Hartford, EUA, 13 de fevereiro de 1861 – Nova Iorque, EUA, 1942)
Curran nasceu em Hartford, Kentucky (EUA) e se mudou para Sandusky, Ohio, em 1881. Estudou um ano na Escola de Desenho de Cincinatti e começou uma brilhante carreira depois de mudar-se para Nova Iorque em 1882, onde cursou a “Art Students League” e depois a “National Academy of Design”. Mais tarde, em Paris, estudou na “Académie Julian”, lá permanecendo por dois anos e tendo como professores Benjamin Constant, Jules-Joseph Lefebvre e Henri Lucien Doucet. Em 1890, conseguiu duas menções honoríficas no “Salón de Artistas Franceses” e na Exposição Universal.
De volta a Nova Iorque, foi professor no “Pratt Institute”, na “Cooper Union” e na “National Academy of Design”.
Trio: Charles Courtney Curran (EUA)
CHARLES COURTNEY CURRAN
(Hartford, Kentucky, EUA, 1861 – Nova Iorque, EUA, 9 de novembro de 1942)
Trio: Pensamentos distantes…
THOMAS FRANCIS DICKSEE (Inglaterra, 1819-1895)
CHARLES COURTNEY CURRAN (EUA, 1861-1942)
DANIEL RIDGWAY KNIGHT (EUA, 1839-1924)
Três momentos: Cecília Meireles
CANÇÃO EXCÊNTRICA
Ando à procura de espaço
para o desenho da vida.
Em números me embaraço
e perco sempre a medida.
Se penso encontrar saída,
em vez de abrir um compasso,
protejo-me num abraço
e gero uma despedida.
Se volto sobre o meu passo,
é já distância perdida.
Meu coração, coisa de aço,
começa a achar um cansaço
esta procura de espaço
para o desenho da vida.
Já por exausta e descrida
não me animo a um breve traço:
– saudosa do que não faço,
– do que faço, arrependida.
Pintura: Charles Courtney Curran (EUA, 1861-1942)
APRESENTAÇÃO
Aqui está minha vida – esta areia tão clara
com desenhos de andar dedicados ao vento.
Aqui está minha voz – esta concha vazia,
sombra de som curtindo o seu próprio lamento.
Aqui está minha dor – este coral quebrado,
sobrevivendo ao seu patético momento.
Aqui está minha herança – este mar solitário,
que de um lado era amor e, do outro, esquecimento.
Pintura: William Henry Margetson (Inglaterra, 1861-1940)
A vida só é possível reinventada.
Anda o sol pelas campinas e passeia a mão dourada pelas águas, pelas folhas. . .
Ah! Tudo bolhas que vêm de fundas piscinas de ilusionismo… – mais nada.
Mas a vida, a vida, a vida, a vida só é possível reinventada.
Vem a lua, vem, retira as algemas dos meus braços.
Projeto-me por espaços cheios da tua Figura.
Tudo mentira! Mentira da lua, na noite escura.
Não te encontro, não te alcança…
Só – no tempo equilibrada, desprendo-me do balanço que além do tempo me leva.
Só – na trevas fico: recebida e dada.
Porque a vida, a vida, a vida, a vida só é possível reinventada.
Ilustração: Maxfield Parrish (EUA, 1870 – 1966)
Cecília Benevides de Carvalho Meireles
(Rio de Janeiro, 7 de novembro de 1901 — Rio de Janeiro, 9 de novembro de 1964)
Poetisa, pintora, professora e jornalista brasileira.
TRIO: Mães
“A mãe é a mais bela obra de Deus”.
Almeida Garrett
HARRY ROSELAND
“A mãe representa para o filho, o bem, a previdência, a lei, em uma palavra, a Divindade em uma forma acessível à infância”.
Henry Fredéric Amiel
JULES JAMES ROUGERON
“Só uma coisa no mundo é melhor e mais bela do que a mulher: uma
mãe”.
E. Schefer
CHARLES COURTNEY CURRAN
Um autor, duas obras: Charles Courtney Curran
CHARLES COURTNEY CURRAN
(Hartford, Kentucky, EUA, 1861 – Nova Iorque, EUA, 9 de novembro de 1942)
Um autor, duas obras: Charles Courtney Curran
CHARLES COURTNEY CURRAN
(Hartford, Kentucky, EUA, 1861 – Nova Iorque, EUA, 9 de novembro de 1942)