Um autor, duas obras: Giovanni Costa
GIOVANNI COSTA
(Livorno, Itália, 1833 – Florença, Itália, 1893)
Temas da Pintura: Gatos – 2
RUDOLF EPP SYDNEY POTTER
H. GUERAULT PIERRE CARRIER-BELLEUSE
CARL VON BLAAS
ABBOTT HANDERSON THAYER LEO MALEMPRE
GEORGE GOODWIN KILBURNE
HENRIETTE RONNER-KNIP
LEON CHARLES HUBER
Segredo
Guardei-me para ti como um segredo
Que eu mesma não desvendei:
Há notas nesta guitarra que não toquei,
Há praias na minha ilha que nem andei.
É preciso que me tomes, além do riso e do olhar,
Naquilo que não conheço e adivinhei;
É preciso que me ensines a canção do que serei
E me cries com teu gesto
Que nem sonhei.
(Lia Luft)
Pintura:: Um autor, duas obras
ALFRED EMILE-LÉOPOLD STEVENS
(Bruxelas, Bélgica, 11 de maio de 1823 – Paris, França, 29 de agosto de 1906)
Temas da Pintura: Cães – 2
JEAN BAPTISTE GREUZE JAMES JOHN HILL
CARL REICHERT FELIX SCHLESINGER
EDWIN HARRIS
DANIEL RIDGWAY KNIGHT
EDMUND ADLER
JOHN GEORGE BROWN
AUGUST DIRCKS
Presença…
É preciso que a saudade desenhe tuas linhas perfeitas,
teu perfil exato e que, apenas, levemente, o vento
das horas ponha um frêmito em teus cabelos…
É preciso que a tua ausência trescale
sutilmente, no ar, a trevo machucado,
as folhas de alecrim desde há muito guardadas
não se sabe por quem nalgum móvel antigo…
Mas é preciso, também, que seja como abrir uma janela
e respirar-te, azul e luminosa, no ar.
É preciso a saudade para eu sentir
como sinto – em mim – a presença misteriosa da vida…
Mas quando surges és tão outra e múltipla e imprevista
que nunca te pareces com o teu retrato…
E eu tenho de fechar meus olhos para ver-te.
Mario Quintana
Pintura: Um autor, duas obras
Charles Edward Perugini
(Nápoles, Itália, 1 de setembro de 1839 – 22 de dezembro de 1918)
Escrevo diante da janela aberta…
Escrevo diante da janela aberta.
Minha caneta é cor das venezianas:
Verde!… E que leves, lindas filigranas
Desenha o sol na página deserta!
Não sei que paisagista doidivanas
Mistura os tons… acerta… desacerta…
Sempre em busca de nova descoberta,
Vai colorindo as horas cotidianas…
Jogos da luz dançando na folhagem!
Do que eu ia escrever até me esqueço…
Pra que pensar? Também sou da paisagem…
Vago, solúvel no ar, fico sonhando…
E me transmuto… iriso-me… estremeço…
Nos leves dedos que me vão pintando!
(Mário Quintana)