Amar é uma arte !–Galeria 22
DOSIMETRIA DO AMOR:
…”Que não seja imortal, posto que é chama
mas que seja infinito enquanto dure.”
Vinícius de Morais
MARCUS STONE
ARCANGELO SALVARANI
FREDERICK ARTHUR BRIDGMAN
DANIEL HERNANDEZ FEDERICO ANDREOTTI
JULES SALLES-WAGNER
LUDWIG KNAUS
EDMUND BLAIR-LEIGHTON
SONETO DA FIDELIDADE
Vinícius de Morais
De tudo, meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.
Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento.
E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama
Eu possa me dizer do amor ( que tive ) :
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.
Pintura: Amar é uma arte! – 19
Soneto de inspiração
Não te amo como uma criança, nem
Como um homem e nem como um mendigo
Amo-te como se ama todo o bem
Que o grande mal da vida traz consigo.
Não é nem pela calma que me vem
De amar, nem pela glória do perigo
Que me vem de te amar, que te amo; digo
Antes que por te amar não sou ninguém.
Amo-te pelo que és, pequena e doce
Pela infinita inércia que me trouxe
A culpa é de te amar – soubesse eu ver
Através da tua carne defendida
Que sou triste demais para esta vida
E que és pura demais para sofrer.
Vinícius de Morais
AUGUSTIN SALINA Y TERUEL
PÁL SZINYEI MERSE
ALBERT EDELFELT
EVARISTE CARPENTIER
HERMANN SEEGER
AUGUSTE SERRURE
Poesia: Soneto da separação
De repente do riso fez-se o pranto
Silencioso e branco como a bruma
E das bocas unidas fez-se a espuma
E das mãos espalmadas fez-se o espanto.
De repente da calma fez-se o vento
Que dos olhos desfez a última chama
E da paixão fez-se o pressentimento
E do momento imóvel fez-se o drama.
De repente, não mais que de repente
Fez-se de triste o que se fez amante
E de sozinho o que se fez contente.
Fez-se do amigo próximo o distante
Fez-se da vida uma aventura errante
De repente, não mais que de repente.
Vinícius de Morais
Amar é uma arte !–Galeria 13
SONETO DE INSPIRAÇÃO
Não te amo como uma criança, nem
Como um homem e nem como um mendigo
Amo-te como se ama todo o bem
Que o grande mal da vida traz consigo.
Não é nem pela calma que me vem
De amar, nem pela glória do perigo
Que me vem de te amar, que te amo; digo
Antes que por te amar não sou ninguém.
Amo-te pelo que és, pequena e doce
Pela infinita inércia que me trouxe
A culpa é de te amar – soubesse eu ver
Através da tua carne defendida
Que sou triste demais para esta vida
E que és pura demais para sofrer.
Vinícius de Morais
JOSEPH CARAUD
FEDERICO ANDREOTTI
ROBERT PAYTON REID PANCRAZ KOERLE
ÍTALO NUNES-VAIS CARL JOHANN SPIELTER
GIACOMO FAVRETTO
JULES GIRARDET
FRÉDÉRIC SOULACROIX
Temas da Pintura: Amizade – 10
POEMA DO AMIGO
Enfim, depois de tanto erro passado
Tantas retaliações, tanto perigo
Eis que ressurge noutro o velho amigo
Nunca perdido, sempre reencontrado.
É bom sentá-lo novamente ao lado
Com olhos que contêm o olhar antigo
Sempre comigo um pouco atribulado
E como sempre singular comigo.
Um bicho igual a mim, simples e humano
Sabendo se mover e comover
E a disfarçar com o meu próprio engano.
O amigo: um ser que a vida não explica
Que só se vai ao ver outro nascer
E o espelho de minha alma multiplica…
Vinicius de Moraes
GEORGE DUNLOP LESLIE
JOHN WILLIAM WATERHOUSE
CHARLES MCIVER GRIESON
FILADELFO SIMI
EDWARD ANTOON PORTIELJE
WENCESLAS VACSLAV BROCZICK
LUIGI MAGGIORANI
JERRY BARRETT JOSEF SCHEURENBERG
EDGAR BUNDY
WENCESLAS VACSLAV BROCZIK
J.W. HOHENBERG
LORENZO VALLES
WALTER DENDY SADLER
EUGENE DE BLAAS
Ternura
Eu te peço perdão por te amar de repente
Embora o meu amor
seja uma velha canção nos teus ouvidos
Das horas que passei à sombra dos teus gestos
Bebendo em tua boca o perfume dos sorrisos
Das noites que vivi acalentando
Pela graça indizível
dos teus passos eternamente fugindo
Trago a doçura
dos que aceitam melancolicamente.
E posso te dizer
que o grande afeto que te deixo
Não traz o exaspero das lágrimas
nem a fascinação das promessas
Nem as misteriosas palavras
dos véus da alma…
É um sossego, uma unção,
um transbordamento de carícias
E só te pede que te repouses quieta,
muito quieta
E deixes que as mãos cálidas da noite
encontrem sem fatalidade
o olhar estático da aurora.
Vinícius de Moraes
Pintura: William Dyce
Vens de longe…
Tu vens de longe; a pedra
Suavizou seu tempo
Para entalhar-te o rosto
Ensimesmado e lento
Teu rosto como um templo
Voltado para o oriente
Remoto como o nunca
Eterno como o sempre
E que subitamente
Se aclara e movimenta
Como se a chuva e o vento
Cedessem seu momento
À pura claridade
Do sol do amor intenso!
Vinícius de Morais
Soneto
Meus caros, volta-se porque se tem saudade
Porque se foi feliz intimamente
Volta-se porque se tocou num inocente
E porque se encontrou tranqüilidade
A despeito da vida que acorrente
Volta-se, volta-se para a sinceridade
Volta-se sempre, tarde ou de repente
Na alegria ou na infelicidade.
E nada como esse apelo da lembrança
Para se transfigurar numa esperança
Essa desolação que uma alma leve
Assim é que, partindo, eu vou levando
Toda a desolação de um até-quando
Num ardente desejo de até-breve.
Vinicius de Moraes
Pintura de Paris Bordone