HEINRICH M. MANISER FREDERIK HENDRIK KAEMMERER
SEYMOUR JOSEPH GUY ROBERT INERARITY HERDMAN
CHARLES SPENCELAYH FRANCIS SIDNEY MUSCHAMP
CHARLES SILLEM LIDDERDALE JOSEPH FAGNANI
JOHN WILLIAM GODWARD
WILLIAM-ADOLPHE BOUGUEREAU GUILLAUME SEIGNAC
Azulejos retorcidos pelo tempo
Fazem paisagem agora no abandono
A que eu mesmo releguei um mal distante.
Faz muito tempo e a paisagem é a mesma
Não muda nunca – sempre indiferente
A céus que rolem ou infernos que se ergam.
Alguns vitrais. E em cinerama elástico
O mesmo campo, o mesmo amontoado
Das lembranças que não querem virar cinzas.
Três lampiões. As cores verde e rosa
A brisa dos amores esquecidos
E a pantera, muito negra, das paixões.
Não passa um rio enlameado e doce
Nem relva fresca encobre a terra dura.
É só calor e ferro e fogo e brasa
Que insistem como cobras enroladas
Nos grossos troncos, medievais, das árvores.
Uma eterna camada de silêncio
E o sol cuspindo chumbo derretido.
O céu é azul – e como não seria?
mas tão distante, tão longínquo e azul…
Torquato Neto (1944-1972)
Pintura: William Fraser Garden
Em minha mão fechada cabe o dia,
o fogo aleatório dos instantes
e o silêncio que espalham os amantes
quando termina a festa e nada resta
da luz petrificada entre as montanhas.
Em minha mão aberta cabe a sombra
largada pela vida que me espera
além do inverno, quando a primavera
devolve ao caule a rosa fenecida
e o que foi volta a ser, e toda perda
retorna como um lucro imerecido.
A minha mão sustenta um girassol.
Sou sobra e o excesso, como o vento
ou como a luz incômoda do sol.
Lêdo Ivo