Temas da Pintura: Instrumentos Musicais (6)
A VOZ DO VIOLÃO
Composição:
Francisco Alves e Horácio Campos
Não queiras, meu amor, saber da mágoa
Que sinto quando a relembrar-te estou
Atestam-te os meus olhos rasos d’água
A dor que a tua ausência me causou
Saudades infinitas me devoram
Lembranças do teu vulto que nem sei
Meus olhos incessantemente choram
As horas de prazer que já gozei
Porém neste abandono interminável
No espinho de tão negra solidão
Eu tenho um companheiro inseparável
Na voz do meu plangente violão
Deixaste-me sozinho e lá distante
Alheio à imensidão de minha dor
Esqueces que ainda existe
Um peito amante
Que chora o teu carinho sedutor
No azul sem fim do espaço iluminado
Ao léu do vento se desfaz
A queixa deste amor desesperado
Que o peito em mil pedaços me desfaz
GALERIA INSTRUMENTOS MUSICAIS (6)
CARLTON ALFRED SMITH
TEMISTOCLE IANESI FRANÇOIS DE TROY
FEDERIGO BALLESIO PIETRO TORRINI
RICHARD EMIL MILLER
PIERRE AUGUSTE RENOIR
JULIO ROMERO DE TORRES
FEDERICO ANDREOTTI
RAIMUNDO DE MADRAZO Y GARRETA
Um autor, duas obras: Eduard Charlemont
EDUARD CHARLEMONT
(Viena, Áustria, 1848 – Viena, Áustria, 1906)
Luar…
O luar enche a terra de miragens
E as coisas têm hoje uma alma virgem,
O vento acordou entre as folhagens
Uma vida secreta e fugitiva,
Feita de sombra e luz, terror e calma,
Que é o perfeito acorde da minha alma.
Sophia de Mello Breyner
Temas da Pintura: Leitores (6)
"Ler um livro é para o bom leitor conhecer a pessoa e o modo de pensar de alguém que lhe é estranho. É procurar compreendê-lo e, sempre que possível, fazer dele um amigo."
Gibran Khalil Gibran
GALERIA LEITORES (6)
PIERRE AUGUSTE RENOIR
CARL THEODOR VON BLAAS ELISABETH ADELA FORBES
CLAUDE BUCK
PAUL BARTHEL
WILLIAM W. CHURCHILL
THEODOR FISHER TONY ROBERT FLEURY
CHARLES EDWARD PERUGINI
JULES GIRARDET
THOMAS BENJAMIN KENNINGTON
Panorama visto da ponte…
Azulejos retorcidos pelo tempo
Fazem paisagem agora no abandono
A que eu mesmo releguei um mal distante.
Faz muito tempo e a paisagem é a mesma
Não muda nunca – sempre indiferente
A céus que rolem eu infernos que se ergam.
Alguns vitrais. E em cinerama elástico
O mesmo campo, o mesmo amontoado
Das lembranças que não querem virar cinzas.
Três lampiões. As cores verde e rosa
A brisa dos amores esquecidos
E a pantera, muito negra, das paixões.
Não passa um rio enlameado e doce
Nem relva fresca encobre a terra dura.
É só calor e ferro e fogo e brasa
Que insistem como cobras enroladas
Nos grossos troncos, medievais, das árvores.
Uma eterna camada de silêncio
E o sol cuspindo chumbo derretido.
O céu é azul – e como não seria?
mas tão distante, tão longínquo e azul…
Torquato Neto (1944-1972)
Pintura: Peder Mork Monsted
Temas da Pintura: Mulheres e Flores (10)
EUGENE DE BLAAS
SOU ESSA FLOR
(Alfonsina Storni)
Tua vida é um grande rio, vai caudalosamente,
a sua beira, invisível, eu broto docemente.
Sou essa flor perdida entre juncos e achiras
que piedoso alimentas, mas acaso nem olhas.
Quando cresces me levas e morro em teu seio,
quando secas morro pouco a pouco no lodo;
Mas de novo volto a brotar docemente
quando nos dias belos vais caudalosamente.
Sou essa flor perdida que brota nas tuas margens
humilde e silenciosa todas as primaveras.
(Tradução de Héctor Zanetti)
ABOTT FULLER GRAVES ARTHUR HOPKINS
ALBERT LYNCH WILLIAM ETTY
ANTONIO BISQUERT JEAN MARC NATTIER
EUGENE LOUIS LEROUX
CHARLES COURTNEY CURRAN
Um autor, duas obras: Adolphe Alexandre Lesrel
ADOLPHE ALEXANDRE LESREL
(Genet, França, 19 de maio de 1839 – Genet, França, 25 de fevereiro de 1929)
As pombas
AS POMBAS
Vai-se a primeira pomba despertada…
Vai-se outra mais… mais outra… enfim dezenas
De pombas vão-se dos pombais, apenas
Raia sanguínea e fresca a madrugada…
E à tarde, quando a rígida nortada
Sopra, aos pombais de novo elas, serenas,
Ruflando as asas, sacudindo as penas,
Voltam todas em bando e em revoada…
Também dos corações onde abotoam,
Os sonhos, um por um, céleres voam,
Como voam as pombas dos pombais;
No azul da adolescência as asas soltam,
Fogem… Mas aos pombais as pombas voltam,
E eles aos corações não voltam mais…
Raimundo Correia