Revista Virtual de Artes, com ênfase na pintura do século XIX

PINTORES

Temas da Pintura: Instrumentos Musicais (6)

A VOZ DO VIOLÃO

Composição:
Francisco Alves e Horácio Campos

Não queiras, meu amor, saber da mágoa
Que sinto quando a relembrar-te estou
Atestam-te os meus olhos rasos d’água
A dor que a tua ausência me causou
Saudades infinitas me devoram
Lembranças do teu vulto que nem sei
Meus olhos incessantemente choram
As horas de prazer que já gozei
Porém neste abandono interminável
No espinho de tão negra solidão
Eu tenho um companheiro inseparável
Na voz do meu plangente violão
Deixaste-me sozinho e lá distante
Alheio à imensidão de minha dor
Esqueces que ainda existe
Um peito amante
Que chora o teu carinho sedutor
No azul sem fim do espaço iluminado
Ao léu do vento se desfaz
A queixa deste amor desesperado
Que o peito em mil pedaços me desfaz

 


GALERIA INSTRUMENTOS MUSICAIS (6)

carlton-alfred-smith-r2

CARLTON ALFRED SMITH


temistocle-lanesiTroy, Francois de (1645-1730) - The Guitar Player

TEMISTOCLE IANESI                                                                                     FRANÇOIS DE TROY


federigo-ballesio-pietro-torrini-2_570x768

FEDERIGO BALLESIO                                                                                       PIETRO TORRINI


RichardEmilMiller

RICHARD EMIL MILLER


Young-Spanish-Woman-with-a-Guitar

PIERRE AUGUSTE RENOIR


julioRTorres

JULIO ROMERO DE TORRES


000023FAndreotti

FEDERICO ANDREOTTI


Madrazo y Garreta, Raimundo de (1841-1920) - Girl With A Guitar and ParrotMadrazo y Garreta, Raimundo de (1841-1920) - Lady With A Guitar

RAIMUNDO DE MADRAZO Y GARRETA



Um autor, duas obras: Eduard Charlemont

eduard-charlemont-r6eduard-charlemont--5

EDUARD CHARLEMONT

(Viena, Áustria, 1848 – Viena, Áustria, 1906)


Luar…

noite

O luar enche a terra de miragens
E as coisas têm hoje uma alma virgem,
O vento acordou entre as folhagens
Uma vida secreta e fugitiva,
Feita de sombra e luz, terror e calma,
Que é o perfeito acorde da minha alma.

Sophia de Mello Breyner


Temas da Pintura: Leitores (6)

"Ler um livro é para o bom leitor conhecer a pessoa e o modo de pensar de alguém que lhe é estranho. É procurar compreendê-lo e, sempre que possível, fazer dele um amigo."

Gibran Khalil Gibran


GALERIA LEITORES (6)

auguste_renoir_les_deux_soeurspierre-auguste-renoir--5r

PIERRE AUGUSTE RENOIR


carl-theodor-von-blaas--ElisabethAdelaForbes

CARL THEODOR VON BLAAS                                                                       ELISABETH ADELA FORBES


_Claude_Buck_1890__1974thereader

CLAUDE BUCK


barthel-paul-2

PAUL BARTHEL


william-w-churchill

WILLIAM W. CHURCHILL


theodor-fisher--2tony-robert-fleury--

THEODOR FISHER                                                                                TONY ROBERT FLEURY


1_charles_edward_perugini

CHARLES EDWARD PERUGINI


jules-girardet--

JULES GIRARDET


thomas-benjamin-kennington-7-

THOMAS BENJAMIN KENNINGTON



Panorama visto da ponte…

peder-mork-monsted--r5

Azulejos retorcidos pelo tempo
Fazem paisagem agora no abandono
A que eu mesmo releguei um mal distante.
Faz muito tempo e a paisagem é a mesma
Não muda nunca – sempre indiferente
A céus que rolem eu infernos que se ergam.
Alguns vitrais. E em cinerama elástico
O mesmo campo, o mesmo amontoado
Das lembranças que não querem virar cinzas.
Três lampiões. As cores verde e rosa
A brisa dos amores esquecidos
E a pantera, muito negra, das paixões.
Não passa um rio enlameado e doce
Nem relva fresca encobre a terra dura.
É só calor e ferro e fogo e brasa
Que insistem como cobras enroladas
Nos grossos troncos, medievais, das árvores.
Uma eterna camada de silêncio
E o sol cuspindo chumbo derretido.
O céu é azul – e como não seria?
mas tão distante, tão longínquo e azul…

Torquato Neto (1944-1972)

Pintura: Peder Mork Monsted


Temas da Pintura: Mulheres e Flores (10)

110412Blaas_420x768

EUGENE DE BLAAS


0_4rcpm

SOU ESSA FLOR

(Alfonsina Storni)

Tua vida é um grande rio, vai caudalosamente,
a sua beira, invisível, eu broto docemente.
Sou essa flor perdida entre juncos e achiras
que piedoso alimentas, mas acaso nem olhas.

Quando cresces me levas e morro em teu seio,
quando secas morro pouco a pouco no lodo;
Mas de novo volto a brotar docemente
quando nos dias belos vais caudalosamente.

Sou essa flor perdida que brota nas tuas margens
humilde e silenciosa todas as primaveras.

(Tradução de Héctor Zanetti)


abbott-fuller-gravesPicking_Flowers__Arthur_Hopkins

ABOTT FULLER GRAVES                                                                                ARTHUR HOPKINS


albert-lynch-3-4WilliamEtty

ALBERT LYNCH                                                                                              WILLIAM ETTY


AntonioBisquertJean-Marc_Nattier_-_Portrait_of_a_Lady1738

ANTONIO BISQUERT                                                                  JEAN MARC NATTIER


eugene-louis-leroux-

EUGENE LOUIS LEROUX


CharlesCourtneyCurran

CHARLES COURTNEY CURRAN



Um autor, duas obras: Adolphe Alexandre Lesrel

AdolpheAlexandreLesrel

AALesrel

ADOLPHE ALEXANDRE LESREL

(Genet, França, 19 de maio de 1839 – Genet, França, 25 de fevereiro de 1929)


As pombas

Chaplin-A_Beauty_with_Doves

AS POMBAS

Vai-se a primeira pomba despertada…
Vai-se outra mais… mais outra… enfim dezenas
De pombas vão-se dos pombais, apenas
Raia sanguínea e fresca a madrugada…

E à tarde, quando a rígida nortada
Sopra, aos pombais de novo elas, serenas,
Ruflando as asas, sacudindo as penas,
Voltam todas em bando e em revoada…

Também dos corações onde abotoam,
Os sonhos, um por um, céleres voam,
Como voam as pombas dos pombais;

No azul da adolescência as asas soltam,
Fogem… Mas aos pombais as pombas voltam,
E eles aos corações não voltam mais…

Raimundo Correia