Trio: É primavera!
FRANCIS COATES JONES (EUA, 1857-1932)
JOHN REINHARD WEGUELIN (Inglaterra, 1849-1927) – PRIMAVERA
HENRIETTA RAE (Inglaterra, 1859-1928) – PRIMAVERA
Galeria: Francis Coates Jones (EUA)
FRANCIS COATES JONES
(Baltimore, Maryland, EUA, 1857 – Nova Iorque, EUA, 1932)
Pintor figurativo, ilustrador e muralista, especializado em cenas de gênero ambientadas em interiores, era o irmão mais novo de Hugh Bolton Jones, que também se tornou um famoso pintor paisagista e com quem ele fez algumas obras colaborativas.
Interessou-se pelas artes aos dezenove anos, após uma viagem ao estrangeiro em 1876 com seu irmão. Primeiro visitaram a Inglaterra, depois a colônia de artistas em Pont-Aven, na província francesa da Bretanha, onde havia muitos artistas americanos. Em 1877 vai a Paris e se matricula na prestigiosa École des Beaux-Arts. Em 1878, os dois irmãos fazem uma visita breve à Espanha e Marrocos. Em seu retorno a Paris, passa a estudar na Académie Julian, sob William-Adolphe Bouguereau e Jules Joseph Lefebvre. Com exceção de uma viagem de seis meses a Baltimore, Jones permaneceu na Europa por cinco anos.
Após seu retorno à América em 1881, trabalhou por um ano no estúdio de arte de seu irmão em Nova Iorque e foi eleito membro da progressista Society of American Artists. Depois de nova visita à França, se estabelece definitivamente em Nova York em 1884.
Na década de 1890, fez ilustrações de revistas e pinturas murais e ensinou na Academia Nacional de Desenho, tendo sido eleito membro efetivo em 1894. Lecionou na Academia por mais de trinta anos. Suas primeiras obras sempre tiveram objetos e fantasias da antiguidade clássica, depois mulheres envolvidas em tarefas domésticas ou no lazer e por último, obras influenciadas pelo impressionismo
Trio: Pescaria
FRANCIS COATES JONES (EUA, 1857-1932) DANIEL RIDGWAY KNIGHT (EUA, 1839-1924)
WILLIAM MAW EGLEY (Inglaterra, 1826-1916)
Casa arrumada…
Casa arrumada é assim:
Um lugar organizado, limpo, com espaço livre pra circulação e uma boa entrada de luz.
Mas casa, pra mim, tem que ser casa e não um centro cirúrgico, um cenário de novela.
Tem gente que gasta muito tempo limpando, esterilizando, ajeitando os móveis, afofando as almofadas…
Não, eu prefiro viver numa casa onde eu bato o olho e percebo logo:
Aqui tem vida…
Casa com vida, pra mim, é aquela em que os livros saem das prateleiras
e os enfeites brincam de trocar de lugar.
Casa com vida tem fogão gasto pelo uso, pelo abuso das refeições fartas,
que chamam todo mundo pra mesa da cozinha.
Sofá sem mancha?
Tapete sem fio puxado?
Mesa sem marca de copo?
Tá na cara que é casa sem festa.
E se o piso não tem arranhão, é porque ali ninguém dança.
Casa com vida, pra mim, tem banheiro com vapor perfumado no meio da tarde.
Tem gaveta de entulho, daquelas que a gente guarda barbante, passaporte
e vela de aniversário, tudo junto…
Casa com vida é aquela em que a gente entra e se sente bem-vinda.
A que está sempre pronta pros amigos, filhos…
Netos, pros vizinhos…
E nos quartos, se possível, tem lençóis revirados por gente que brinca
ou namora a qualquer hora do dia.
Casa com vida é aquela que a gente arruma pra ficar com a cara da gente.
Arrume a sua casa todos os dias…
Mas arrume de um jeito que lhe sobre tempo pra viver nela…
E reconhecer nela o seu lugar.
Carlos Drummond de Andrade
Pintura: Francis Coates Jones (EUA, 1857-1932)