Revista Virtual de Artes, com ênfase na pintura do século XIX

Posts com tag “Cecília Meireles

“O tempo passou na janela”… Galeria 8

La pensierosa - Marie Spartali Stillman (british)

MARIE SPARTALI STILLMAN


Asterié by Sir Edward John Poynter - 1904waiting by the window - Georg Papperitz

EDWARD JOHN POYNTER                                                                            GEORG PAPPERITZ


A LOOKING OUT O'WINDOW, SUNSHINE- Laura T. Alma-TademaRobert Walker MacBeth -(scottish-1848-1910) The Nightingale's Song 1904

LADY LAURA ALMA-TADEMA                                                                 ROBERT WALKER MACBETH


Andrew Wyeth - Christina Olson (1947)woman by a window-Richard Edward Miller

ANDREW WYETH                                                                    RICHARD EDWARD MILLER


"Quando falo dessas pequenas felicidades certas, que estão diante de cada janela, uns dizem que essas coisas não existem, outros que só existem diante das minhas janelas, e outros, finalmente, que é preciso aprender a olhar, para poder vê-las assim”.

Cecília Meireles



Canção excêntrica

Richard_Edward_Miller_Reverie 

Ando à procura de espaço
para o desenho da vida.
Em números me embaraço
e perco sempre a medida.

Se penso encontrar saída,
em vez de abrir um compasso,
projeto-me num abraço
e gero uma despedida.

Se volto sobre o meu passo,
é já distância perdida.

Meu coração, coisa de aço,
começa a achar um cansaço
esta procura de espaço
para o desenho da vida.
Já por exausta e descrida
não me animo a um breve traço:

-saudosa do que não faço
-do que faço, arrependida.

Cecilia Meirelles

Pintura: Richard Edward Miller


Música na Pintura – Galeria 20: “Um piano ao cair da tarde…”

Serenata

Permita que eu feche os meus olhos,
pois é muito longe e tão tarde!
Pensei que era apenas demora,
e cantando pus-me a esperar-te.
Permita que agora emudeça:
que me conforme em ser sozinha.
Há uma doce luz no silêncio, e a dor é de origem divina.
Permita que eu volte o meu rosto para um céu maior que este mundo,
e aprenda a ser dócil no sonho como as estrelas no seu rumo.

Cecília Meireles

Pintura: Charles Gogin – “The reverie” – 1900


Girl Playing Piano (1918). William Worcester Churchill (American, 1858-1926)The Sonata (1889). Irving Ramsay Wiles (American, 1861-1948)

WILLIAM WORCESTER CHURCHILL                                                                         IRVING RAMSAY WILES


Symphony. Nikolaï Petrovich Bogdanov-Belsky (Russian, 1868-1945)

NIKOLAI PETROVICH BOGDANOV-BELSKY


La Pianista. Giovanni Boldini (Italian, Academic, Impressionism,1842-1931)The Piano Lesson (1895). Francis Day

GIOVANNI BOLDINI                                                                                  FRANCIS DAY


Francis Sydney Muschamp (1851-1929) - The Piano Lesson

FRANCIS SIDNEY MUSCHAMP


Young Girls at the Piano - Gabriel Deluc_1906

GABRIEL DELUC



De que são feitos os dias ?

floripa2012-Pedro

De que são feitos os dias?
 
– De pequenos desejos,
vagarosas saudades,
silenciosas lembranças.

Entre mágoas sombrias,
momentâneos lampejos:
vagas felicidades,
inatuais esperanças.

De loucuras, de crimes,
de pecados, de glórias
– do medo que encadeia
todas essas mudanças.

Dentro deles vivemos,
dentro deles choramos,
em duros desenlaces
e em sinistras alianças…

Cecília Meireles

Foto: Pedro Mendonça


Canção

Photo by Willyam Bradberry

CANÇÃO

Fui fechar a janela ao vento.
_ Vento, por que vens aqui?
Eu amo os papéis que leio!
Fui fechar a janela ao vento
e me arrependi.

O vento dançava nos ares,
nem no céu nem no jardim,
só na sua liberdade,
o vento dançava nos ares,
isento e sem fim.

_ Vento, quero ir também contigo,
em meu coração falei.
E meu coração levou-me!
_ Mais longe do que contigo,
vento, voarei.

Cecília Meireles, 1955

Fotografia: Willyam Bladberry


Um pouco de poesia…

Puvis-de-Chavannes-Pierre-Meditation

Poema

É sempre nos meus pulos o limite.

É sempre nos meus lábios a estampilha

É sempre no meu não aquele trauma.

Sempre no meu amor a noite rompe.

Sempre dentro de mim meu inimigo.

E sempre no meu sempre a mesma ausência.

Carlos Drummond de Andrade

Pintura: Puvis de Chavannes


Moonlight Night -1880- Ivan Kramskoy (russian painter)

Canção do Sonho Acabado

Já tive a rosa do amor

– rubra rosa, sem pudor.

Cobicei, cheirei, colhi.

Mas ela despetalou

E outra igual, nunca mais vi.

Já vivi mil aventuras,

Me embriaguei de alegria!

Mas os risos da ventura,

No limiar da loucura,

Se tornaram fantasia…

Já almejei felicidade,

Mãos dadas, fraternidade,

Um ideal sem fronteiras

– utopia! Voou ligeira,

Nas asas da liberdade.

Desejei viver. Demais!

Segurar a juventude,

Prender o tempo na mão,

Plantar o lírio da paz!

Mas nem mesmo isto eu pude:

Tentei, porém nada fiz…

Muito, da vida, eu já quis.

Já quis… mas não quero mais…

Helenita Scherma

Pintura: Ivan Kramskoi


AlfonsoSimonetti_ancor_non_torna

É urgente o amor.

É urgente um barco no mar.

É urgente destruir certas palavras,

ódio, solidão e crueldade,

alguns lamentos,

muitas espadas.

É urgente inventar alegria,

multiplicar os beijos, as searas,

é urgente descobrir rosas e rios

e manhãs claras.

Cai o silêncio nos ombros e a luz

impura, até doer.

É urgente o amor, é urgente

permanecer.

Eugénio de Andrade

Pintura: Alfonso Simonetti



Espelho, espelho meu… Galeria 17

Toilette by Jules James Rougeron, 1877

JULES JAMES ROUGERON


Woman with a Mirror - Arvid Liljelund_1882Frederick Sandys – The Pearl

ARVID LILJELUND                                                                                        FREDERICK SANDYS


Reflections -1921- Frank W. Benson (american)Charles Martin Hardie (scottish, 1858-1916)- The Studio Mirror 1898

FRANK W. BENSON                                                                     CHARLES MARTIN HARDIE


JULES_EMILE_SAINTIN_French_1829_1894_Reflections-1875François Joseph Corneille Haseleer (Belgica-1804-1890)

JULES EMILE SAINTIN                                                          FRANÇOIS JOSEPH CORNEILLE HASELEER


Robert Hope - A Victorian Debutante

ROBERT HOPE


Preparing for the ball, 1880-Anton-Thiele-(Danish, 1838-1902)_712x600

ANTON THIELE


Getting_Dressed_1869_by_Charles_Edouard_Boutibonne

CHARLES EDOUARD BOUTIBONNE


I see you!, Frederick Morgan. English (1847 - 1927)The Heirloom-Delapoer Downing (1885-1902)

FREDERICK MORGAN                                                                         DELAPOER DOWNING


RETRATO

Eu não tinha este rosto de hoje,
Assim calmo, assim triste, assim magro,
Nem estes olhos tão vazios,
Nem o lábio amargo.

Eu não tinha estas mãos sem força,
Tão paradas e frias e mortas;
Eu não tinha  este coração
Que nem se mostra.

Eu não dei por esta mudança,
Tão simples, tão certa, tão fácil:
– Em que espelho ficou perdida
a minha face ?

Cecília Meireles
gif-flower-


Pintura: Por isso é que eu canto…–Galeria 7

“Quem ouve música, sente sua solidão povoada de repente.”

Robert Browning (1812-1889)

a musical interlude-Juan Gimenez Martin

JUAN GIMENEZ MARTIN


Company on the Terrace - Jacob Schikaneder-1887

JACOB SCHIKANEDER


Zampighi-a_happy_tune

EUGENIO ZAMPIGHI


4F-antonio-paoletti

ANTONIO PAOLETTI


Andreotti_Federigo_The_SerenadeAndreotti_Federico_Flowers_for_Music

FEDERICO ANDREOTTI


Anselm Feuerbach - Ricordo di Tivoli

ANSELM FEUERBACH


Cesare Auguste Detti (1847-1914) - The singing lessonMrs. George Batten singing, 1895-JOHN_SINGER_SARGENT

CESARE AUGUSTE DETTI                                                                                                 JOHN SINGER SARGENT


Serenata

Permita que eu feche os meus olhos,
pois é muito longe e tão tarde!
Pensei que era apenas demora,
e cantando pus-me a esperar-te.
Permita que agora emudeça:
que me conforme em ser sozinha.
Há uma doce luz no silêncio, e a dor é de origem divina.
Permita que eu volte o meu rosto para um céu maior que este mundo,
e aprenda a ser dócil no sonho como as estrelas no seu rumo.

Cecília Meireles