Inverno
SONETO
Já o Inverno, espremendo as cãs nevosas,
geme, de horrendas nuvens carregado;
luz o aéreo fuzil, e o mar inchado
investe ao pólo em serras escumosas;
Oh! benignas manhãs! tardes saudosas,
em que folga o pastor, medrando o gado,
em que brincam no ervoso e fértil prado
Ninfas e Amores, Zéfiros e Rosas!
Voltai, retrocedei, formosos dias;
ou antes, vem, vem tu, doce beleza,
que noutros campos mil prazeres crias;
e ao ver-te sentirá minh´alma acesa
os perfumes, o encanto, as alegrias
da estação, que remoça a natureza.
Bocage (1755-1805)
Pinturas: Laszlo Neogrady (Budapeste, Hungria 1896 -1962)
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